Em 2016, o cientista político Michel Winter previu o inferno astral do PSDB, pouco tempo depois de Aécio Neves perder a eleição presidencial para Dilma Rousseff, inclusive no seu próprio berço politico, o Estado de Minas Gerais. Para piorar, Aécio e sua família foram expostos em supostos esquemas de corrupção. Já em 2018, Geraldo Alckmin era a esperança do partido dar a volta por cima, mas os tucanos não esperavam a força arrebatadora da direita.
Jair Bolsonaro e sua equipe entenderam o novo cenário político e o poder das redes sociais. Algo que o PSDB e o arruinado PT demoraram a perceber. “Para 2022 isso mudou. Os tucanos querem ser protagonistas de novo e estão investindo nas redes, mas falta um candidato razoável. O PSDB insiste numa luta que não pode vencer. Ou o partido entende que é melhor tentar ser vice numa chapa com Lula, Sérgio Moro, ou vai perder de novo”, afirmou Winter.
O cientista político acredita que ainda há chance da sigla enxergar o óbvio e se unir lá na frente a um bloco político com mínimas chances de ir ao segundo turno contra Bolsonaro. “Mas a estratégia deles é ainda mais sórdida. Se não juntarem forças com Lula, vão tentar derrubá-lo com seus casos de corrupção e contra Bolsonaro irão usar o inquérito da CPI da Covid”.
Sem personalidade
O partido não tem foco, ideias próprias ou postura para atrair os eleitores que tinham antigamente, avalia Michel. “No jogo globalista, a retomada do poder pela esquerda é fundamental e se faz necessário a todo o custo. A falta de personalidade da esquerda é um problema que eles vão tentar driblar com ações mais ousadas”.
Mas grandes surpresas ainda estão por vir, principalmente no cenário da reestruturação da saúde pública pós covid. Certamente um novo candidato poderá surgir e alterar completamente a configuração do jogo. Por isso é sábio aguardar os próximos movimentos do “xadrez político” brasileiro.