O ano era 2018. O então candidato a presidente Jair Messias Bolsonaro se recuperava da facada que recebeu num atentado que quase o matou em plena corrida eleitoral. Seu estado de saúde, embora estável, ainda era delicado. Ele precisava ser transferido de Juiz de Fora para São Paulo, onde ficaria internado no Hospital Albert Einstein. Bolsonaro estava internado na Santa Casa de Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde passou por uma cirurgia após o ataque. Uma ambulância o levaria até Aeroporto de Serrinha. O voo até a capital paulista durou em torno de 45 minutos. Poucos sabem, mas que pagou pelo jato com UTI móvel, que garantiu a vida do futuro presidente da República, foi Levy Fidelix.
O dono da ideia do aerotrem, projeto de trem bala que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro, flutuou pela política brasileira de uma forma peculiar. Morreu no mês passado e deixou uma marca, a do patriota incondicional. Poucos podem dizer que tiveram pelo Brasil o mesmo amor de Fidelix pela nação. Foi dele a iniciativa e o esforço de indicar o general Hamilton Mourão como candidato a vice-presidente. Respeitado no meio político e militar, conservador e de direita. Disputou eleições com boas ideias e convicções, nunca com ataques furiosos sem sentido.
José Levy Fidelix da Cruz nasceu em Mutum, São Paulo, em 27 de dezembro de 1951. Foi o criador do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB). Formado em comunicação social, era um homem polêmico e que não se escondia atrás de um personagem como muitas figuras públicas fazem. Falava o que vinha na cabeça sem filtro. “Pelo que eu vi na vida, dois iguais não fazem filho. (…) Como é que pode um pai de família, um avô, ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô, que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto”.
Amigo de Fidelix, o cientista político Michel Winter diz que o ex-presidente do PRTB sempre foi respeitado nos corredores de Brasília. “Ele era autor de frases que geravam polêmica e de ideias revolucionárias. Isso por si só chamava a atenção, mas o Levy tinha moral por onde passava, em qualquer partido, porque não se vendia. Amava o Brasil acima de tudo”, afirmou Winter. “Quando a neta dele estava para nascer ele virou para mim e disse ‘Michel minha netinha está quase chegando. Em comemoração o nome dela será Micaela. Considere-se homenageado’. Eu fiquei muito emocionado. O Levy causava isso nas pessoas”.
Agora, após sua morte por complicações da Covid-19, Lívia Fidelix ocupa o lugar que foi do pai com a missão de ser uma ferramenta de mudança na pior crise social, econômica, política e sanitária da história do país. Ainda de luto junto com a mãe Lecy Araújo, Lívia sabe que não há tempo a perder.
A polarização da política promete incendiar as eleições de 2022 e é hora de renovar os líderes. Trazer gente nova, concentrada e com força de vontade de ser a mudança que a população necessita. Levy foi jornalista de diversos veículos de comunicação no Rio de Janeiro, mas não se limitou a usar palavras. Era um homem de ação. A mesma ação que os órfãos do “homem do aerotrem” querem ver na sua sucessora.