Quando o regime militar foi instaurado no Brasil, o brigadeiro Átila Maia era uma criança, porém com idade suficiente para entender o que estava acontecendo. Nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, em 1956, ele cresceu no meio de uma das fases mais controversas da história política e militar do Brasil. Por isso, não é de se estranhar que seguiu essas duas vocações. Foi candidato a senador em 2018 pelo Distrito Federal e se apresenta como candidato ao posto máximo da nação em 2022. Nesta entrevista ao Direita Nacional, brigadeiro Átila Maia, admirador incondicional do presidente Castelo Branco, afirma que o país tem que fugir da polarização perversa entre esquerda comunista e direita totalitarista e faz duras críticas a Jair Bolsonaro. “Que ele não tinha habilidade para governar todos nós já sabíamos. Nós não sabíamos que ele não tinha humildade para ouvir e vergonha para mentir”, afirma. Veja a seguir:
Qual foi sua importância no processo da eleição do presidente Bolsonaro e a articulação que permitiu ao general Hamilton Mourão ser o vice?
Sem dúvida, na eleição de 2018, o candidato Bolsonaro teve papel essencial para o país. Eu garanto que ele era o único entre os candidatos que tinha condições de derrotar o PT e eu o apoiei. Antes do Mourão ser escolhido muitos nomes foram cogitados. No dia 7 de agosto daquele ano eu recebi uma ligação do Levi Fidelix, presidente do PRTB. Ele estava muito irritado porque o Bolsonaro não havia decidido qual seria seu vice. Fidelix pediu que eu fosse até São Paulo para ajudar nessa situação. No dia seguinte eu decolei de Brasília para São Paulo e quando eu cheguei tinha um áudio do Bolsonaro no meu celular. Ele dizia que precisava falar comigo e que o destino estava unindo a gente. Afirmou que queria fechar com o general Mourão para ser vice. Então, Fidelix e eu conseguimos levar o general a tempo para a convenção partidária.
O que o senhor achou da recente troca de comando das Forças Armadas?
Dá a César ao que é de César e dá a Deus o que é de Deus. Então, a primeira coisa a deixar claro é que as Forças Armadas são responsáveis pela defesa da pátria e as garantias constitucionais. Se era desejo do presidente que algo fosse realizado pelas Forças Armadas caberia a ele dar a ordem formal. Isso nunca foi feito. E não foi feito porque o atual presidente não exerce liderança sobre as Forças Armadas.
O que isso significa? Que ele trocou os comandantes porque um desejo dele não foi atendido?
Veja bem, que ele não tinha habilidade para governar todos nós já sabíamos. Nós não sabíamos que ele não tinha humildade para ouvir e vergonha para mentir. Ele demonstrou que a voz do interesse e da ambição pessoal pelo dinheiro e pelo poder fala mais alto. Ele exonerou os três sem motivo razoável e não vai resolver o que ele imaginou que fosse um problema.
O senhor já afirma que será candidato a presidente em 2022, certo?
Por causa dessa insatisfação com a postura do presidente. Em dezembro de 2019 disponibilizei meu nome para a campanha eleitoral de 2022. Hoje estou filiado ao PTB.
Que outros nomes o senhor avalia que serão candidatos a presidente?
Temos Ciro Gomes e Luciano Huck. Não vejo Sérgio Moro como candidato. Acabou todo prestígio político dele.
Bolsonaro será seu adversário desta vez.
Bolsonaro ganhou a eleição pelo anseio popular em ter um militar no governo, mas ele não tem postura, educação e não se comporta como militar.
Nós ainda não sabemos de como o país vai estar em 2022, mas nos dias atuais? Qual sua análise da política nacional?
A eleição do nosso atual presidente foi o pior e mais grave acidente político da história brasileira. O cenário é caótico e teremos uma polarização perversa. De um lado a possibilidade de um regime comunista e do outro um regime totalitário à direita. Nenhuma das posições satisfazem as necessidades da população brasileira. O Brasil precisa de serenidade e estabilidade. Não acredito em intervenção militar. O que o próprio presidente poderia fazer, se ele é realmente um patriota deveria renunciar. Ele não tem condições de conduzir o país.