“Oração a São Bolsonaro” viraliza nas redes e causa desconforto entre cristãos

Nos últimos dias, uma suposta “oração a São Bolsonaro”, apresentada de forma simbólica e humorística nas redes sociais, tem se espalhado entre grupos alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A brincadeira, que retrata o ex-presidente como uma figura de devoção — vestida com trajes religiosos e envolta na bandeira do Brasil — gerou reações variadas, mas também acendeu um alerta sério entre cristãos, especialmente entre evangélicos e católicos conservadores.

A oração, que invoca Bolsonaro como “padroeiro dos bolsonaristas” e “intercessor junto ao Altíssimo”, foi inicialmente divulgada em tom irônico, mas muitos passaram a compartilhá-la como uma verdadeira expressão de devoção política. Isso provocou desconforto e até indignação entre lideranças religiosas e fiéis que consideram a prática uma forma de idolatria incompatível com a fé cristã.

“Bolsonaro é um homem, falho como todos nós. Não é santo, não pode interceder junto a Deus, e colocá-lo nesse papel é um desvio grave da fé cristã”, afirmou um pastor evangélico de Belo Horizonte, que preferiu não se identificar.

A crítica mais contundente parte do princípio bíblico de que não há outro mediador entre Deus e os homens senão Jesus Cristo. A tentativa de transformar um político — por mais alinhado que esteja aos valores conservadores — em um símbolo quase sagrado, beira o fanatismo que tanto se critica em outros campos políticos, especialmente entre os defensores do ex-presidente Lula.

Alguns analistas políticos também apontam que o chamado “bolsonarismo” está se afastando da racionalidade e do equilíbrio típicos da verdadeira direita, resvalando em atitudes messiânicas que enfraquecem a causa conservadora no país.

“A direita precisa de princípios, não de ídolos. Quando trocamos ideias por ícones, perdemos o rumo”, comentou um colunista político do Direita Nacional.

Embora muitos vejam a oração como apenas uma sátira ou manifestação cultural, o episódio levanta uma reflexão importante: até que ponto o culto à personalidade pode comprometer a própria essência de um movimento político baseado na moral, na verdade e na liberdade?

Se a direita quiser permanecer firme e coerente, precisa evitar os mesmos erros que critica. Bolsonaro pode ser um líder importante, mas nunca deve ocupar o lugar de salvador da pátria — nem no coração dos fiéis, nem no altar da política.

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